Os impactos da pandemia de Covid-19 serão sentidos a longo prazo tanto em termos sociais quanto de desemprego, aponta estudo da OIT
A chegada da vacina para a Covid-19 traz esperança para o mundo todo e muitos países já estão afrouxando algumas medidas, como a obrigatoriedade do uso de máscaras e o distanciamento social, voltando, gradativamente, à “vida pré-pandemia”.
Contudo, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) — agência da Organização das Nações Unidas (ONU) –, a crise do mercado de trabalho gerada pelo coronavírus “está longe de terminar e o crescimento do emprego será insuficiente para compensar as perdas sofridas pelo menos até 2023”.
A conclusão é do levantamento intitulado “World Employment and Social Outlook: Trends 2021” (em português, “Perspectivas Sociais e do Emprego no Mundo: Tendências 2021”), publicado em junho deste ano.
De acordo com o estudo, as estimativas são de um déficit de empregos, gerado pela pandemia, que chegará, em níveis globais, a 75 milhões em 2021 e 23 milhões em 2022.
As perspectivas, conforme destacou a OIT, também são de que o desemprego atinja 205 milhões de pessoas ao redor do mundo em 2022, superando o nível de 187 milhões registrado em 2019. “Isso corresponde a uma taxa de desemprego de 5,7 %. Excluindo o período de crise da Covid-19, essa taxa foi observada pela última vez em 2013”, acrescentou a Organização.
Conforme as notícias da entidade, no primeiro semestre de 2021, as regiões da América Latina e Caribe, e da Europa e Ásia Central foram as mais afetadas nesse sentido. Já para o segundo semestre do ano, as estimativas são de uma aceleração em termos de recuperação global do emprego — “desde que não haja um agravamento da situação geral de pandemia”, frisou a Organização Internacional do Trabalho.
Entretanto, “isso será desigual, devido às diferentes velocidades de vacinação em cada país e à capacidade limitada da maioria das economias em desenvolvimento e emergentes de apoiar medidas fortes de estímulo fiscal. Além disso, a qualidade dos empregos recém-criados provavelmente se deteriorará nesses países”, alertou o órgão da ONU.
O levantamento da OIT ainda revelou que há um aumento considerável da pobreza no mundo. Em relação a 2019, existem 108 milhões a mais de trabalhadores que são agora classificados como vivendo na pobreza ou extrema pobreza — “o que significa que eles e suas famílias vivem com o equivalente a menos de US$ 3,20 diários por pessoa”, explicou a Organização. Nesse recorte, “os cinco anos de progresso para a erradicação da pobreza laboral foram perdidos”, pontuou o “World Employment and Social Outlook: Trends 2021”.
Outra conclusão do estudo é que a pandemia do coronavírus impactou, de forma mais severa, os trabalhadores mais vulneráveis — e, portanto, agravou as desigualdades pré-existentes.
Para o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, a recuperação mundial da crise gerada pela Covid-19 vai além da questão de saúde. “Os graves danos às economias e às sociedades também precisam ser superados”, pontuou ele.
“Sem um esforço deliberado para acelerar a criação de empregos dignos e apoiar os membros mais vulneráveis da sociedade e a recuperação dos setores econômicos mais atingidos, os efeitos da pandemia podem prolongar-se por anos na forma de perda do potencial humano e econômico, associado a maior pobreza e desigualdade ”, explicou Ryder.
Guy Ryder ainda evidenciou a necessidade “de uma estratégia abrangente e coordenada” — “baseada em políticas centradas nas pessoas e respaldadas em ações e financiamento”. E completou dizendo que “não pode haver recuperação real sem a recuperação de empregos formais”.
Para conferir todas as perspectivas sociais e do emprego em termos globais, acesse a íntegra do levantamento publicado pela Organização Internacional do Trabalho.
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