Não é novidade que a pandemia de Covid-19 tem gerado impactos econômicos e sociais para a maioria dos países do mundo e suas populações. No caso do Brasil, a atual crise mundial de saúde agravou alguns gargalos na educação. É o que mostra a pesquisa Datafolha, encomendada pela Fundação Lemann, pelo Itaú Social e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Intitulada “Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e suas famílias”, a pesquisa tem por objetivo identificar os desafios dos estudantes em processo de alfabetização no País. De acordo com a versão mais atual do estudo — que expõe dados colhidos entre os dias 22 de abril e 21 maio de 2021, por meio de entrevistas com responsáveis por crianças e adolescentes entre seis e 18 anos que estudam na rede pública brasileira — a pandemia do coronavírus traz mais preocupação em termos educacionais do que há um ano.
Isso porque, conforme declarações dos entrevistados, no grupo de crianças e adolescentes que tiveram atividades escolares (no que se refere à alfabetização a distância), 40% não estão evoluindo nos estudos, bem como não estão motivados e manifestaram, inclusive, possibilidade de desistir da escola. Esse percentual era de 26% em maio de 2020.
Também segundo a pesquisa Datafolha, os números colocam em evidência as desigualdades históricas que, agora, estão sendo aprofundadas pela pandemia.
Os dados mostram que entre os estudantes negros 43% apresentam risco de abandonar a escola, ante 35% dos brancos. Já no que se refere às diferenças socioeconômicas, o problema afeta 48% daqueles com famílias que vivem com apenas um salário mínimo, percentual que cai para 31% entre os com famílias que têm renda maior: entre dois e cinco salários mínimos.
Outra informação do levantamento é que o risco de abandonar os estudos é maior nas áreas rurais (51%) do que nas áreas urbanas (39%) — além de incidir mais na região Nordeste (50%) do que na região Sul (31%) do Brasil.
Vale esclarecer que até agora foram realizadas seis edições da pesquisa — em maio, junho, julho, setembro e novembro de 2020; e a mais recente, em maio de 2021.
Segundo o diretor executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne, “uma geração inteira ficará profundamente marcada pela pandemia e o Brasil precisará de múltiplas ações para superar as perdas de aprendizagem”. “Isso deve ser prioridade para o país”, frisou ele.
A gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Social, Patrícia Mota Guedes, por sua vez, ponderou que “é urgente para o País estabelecer uma estratégia compartilhada” — “que traga coerência ao processo, com o compromisso de ampliar as oportunidades aos mais vulneráveis, de modo a recuperar o que foi perdido agora e melhorar os resultados educacionais para as próximas gerações”.
Para conferir todos os números, dados e informações da última edição da pesquisa, acesse a publicação no site do Itaú Social.